As Igrejas como instrumento na Mediação de conflitos

Categoria: Direito Eclesiástico e Negociação, Conciliação & Mediação
As Igrejas como instrumento na Mediação de conflitos

 

Quando falamos em Mediação, trata-se de prover um espaço novo em que a justiça possa ser restabelecida entre as partes em litígio.

Segundo, Friedrich Glasl, em seu livro Autoajuda em conflitos, utiliza o padrão da trimembração da antroposofia (pensar, sentir e agir como um todo) como base para esmiuçar do que se trata um conflito social. Segundo esse conceito, conflitos surgem quando uma interação entre duas ou mais pessoas (ou grupos, ou organizações) faz com que um dos atores perceba as diferenças de pensamento, sentimento e ação do outro como obstáculos a serem superados.

Muitas vezes, o conflito ocorre devido à falta de respeito pelas necessidades e a forma como cada um enxerga seu ponto de vista. Não raro, vimos pessoas ficarem sem falar umas com as outras por terem opiniões diferenciadas ou interpretarem de outra forma o que o outro quis dizer.

O conflito nem sempre é negativo. O conflito, às vezes, é necessário para que as partes conflitantes pensem no que motivou o litígio e com isso oferecer a oportunidade para que sejam restabelecidos o diálogo entre as partes.

Entretanto, quando nas relações há uma progressiva escalada de conflitos, chamado também de espiral do conflito, resultará de um círculo vicioso de ação e reação que não se conseguirá prever o agravamento que acontecerá entre as partes.

Também é possível que a mudança social já tenha ocorrido antes que o conflito se torne violento.

Para tanto, pode se perceber uma mudança na visão da justiça, pautada no restabelecimento do diálogo entre as partes entre as concepções pedagógicas da Teologia Pastoral acerca da mediação de conflitos para a reconciliação e os mecanismos de “construção e manutenção da paz” entre os fiéis e membros da igreja.

Este movimento também inspirou- se em antigas tradições que investiam em diálogos pacificadores e construtores de consenso com raízes no Primeiro Testamento, em especial o conceito de “Shalom”. A palavra hebraica Shalom é usada em muitas passagens da Bíblia e é traduzida para o português como paz.

Existem vários textos bíblicos, do Primeiro e do Segundo Testamento que indicam a “práxis” mediadora que se traduz em um novo conceito de distribuição de justiça.

E assim, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás lançou em 2015 durante a Semana de conciliação o projeto “Mediar é Divino” que ganhou repercussão nacional e internacional.

O Mediar é Divino, elaborou um passo a passo para os interessados da capital e interior aderirem ao programa, que tem como meta difundir a cultura do diálogo e do fortalecimento dos métodos alternativos de soluções de controvérsias, em especial a mediação, no âmbito das entidades religiosas.

O propósito do Mediar é divino, foi para utilizar religiosos, em razão de sua confiança com seus fiéis, como instrumento e pacificação social.

O TJGO capacita esses líderes, tais como padres, pastores, presidentes, aconselhadores espirituais, dentre outros, que tenham o perfil de mediador e ou conciliador. Normalmente esses líderes já atuam em expedientes de aconselhamento nos templos religiosos, visto que com o curso ofertado pelo TJGO, irão utilizar as técnicas apropriadas na resolução de conflitos.

Problemas rotineiros como divórcios, família, briga de vizinhos são normalmente assuntos levados pelos fiéis para discussão particular nas igrejas. Agora, essa pacificação natural promovida pelos líderes religiosos poderá ser homologada pela justiça.

Esse projeto foi adotado em outros estados brasileiros, tais como: Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul. E a tendência é que vários segmentos religiosos de várias cidades do Brasil, também irão aderir ao projeto, que levará a pacificação social em vários segmentos religiosos.